Elisa, querida, eu não quis criticar os pais, longe de mim! Quis, ao contrário, mostrar maneiras para que o dia-a-dia fique mais fácil para esses próprios pais. Pq criança que come sem precisar de adulto dando a comida no cantinho da boca, meio escondida, no revesgueio, pra criança não perceber o verdinho metido no meio do arroz com feijão, vamos combinar, é uma criança muuuito mais prática! E a idéia de adotar esse tipo de comportamento, de familiarizar o pequeno com as comidas das quais ele precisa, é essa, e gerar adultos que comem de tudo com equilíbrio e inteligencia.
Lógico que tem quem não tenha tempo, eu muitas vezes não tenho! Mas que é uma experiência que vai fazer toda a diferença pra criança, é! E , se vc não tem tempo, pense que tem gente cujo trabalho é justamente passar um tempo ensinando às crianças dos outros! Tipo EU!!! hAHAHAHAHAHA!
Sério, Elisa, é muito legal quando eu consigo uma interação bacana com a criança. Pq eles adoram, é toda uma experiência sensorial pra eles! Eu costumo ministrar oficinas infantis em escolas, festas, colônia de férias... E se vc visse como a resposta das crianças é maravilhosa entenderia do que estou falando! Abaixo vão umas fotos da oficina de biscoitos da festinha de uma cliente chamada Ana Flor. Foram duas massas integrais, uma semi integral e uma colorida. As crianças moldaram, decoraram com passas, nozes, pedacinhos de chocolate e amaram! Sem um pingo de açucar desnecessário!
Viu como é bacana? As crianças, os pais e as mães brincando juntas e curtindo as obras dos pequenos... muito legal! No final os pais não resistiram e meteram a mão na massa! Hahahaha!
Enfim, agora sobre a pergunta: e seus filhos, eles comem bem? Não? O que comem melhor, o que não comem?
Eu tenho uma certa experiência com crianças. Não só porque realmente trabalho com isso, mas também porque minha avó, a melhor cozinheira que já conheci, me colocava pra cozinhar desde muito cedo. Morávamos numa cidade minúscula e nos dias de chuva, especialmente, não tinha nada pra fazer. Era o dia em que eu mais gostava de ir pra cozinha com ela. Ela fazia todo tipo de pratos, sendo os árabes os mais pedidos pela minha família, pq somos descendentes de árabe e não negamos, um quibe e um charuto nos deixa felizes como pintos no lixo.
Então, nos dias de chuva, especificamente, ela adorava fazer comidas molinhas e quentes, como um arroz fumegante e um ensopadinho de carne moída e milhares de vegetais, por exemplo, cenoura, chuchu, abobrinha, berinjela, brócolis, couve flor, vagem e o que mais aparecesse. E me lembro que, lá pelos seis anos, ela já me deixava subir num banquinho pra mexer a carne moída com ela. Me ensinava a provar os temperos, a hora certa de colocar cada coisa... E eu sempre devorei um prato enorme disso, independente de quantos vegetais houvesse ali.
Minha vó tinha uma teoria que ela não dizia pra todo mundo, só depois que comecei a trabalhar com gastronomia é que a ouvi confirmar pra mim: a teoria de que criança que não come é pq os pais não sabem cozinhar pra crianças. E ela tinha regras pra isso, que eu sempre levei em conta na hora de cozinhar pros pequenos, nesses seis anos desde que fui mãe e comecei minha jornada alimentando pingos de gente.
A primeira regra dela, de que vou tratar nesse texto, é que criança gosta de verdura molinha, bem cozida. Na imensa maioria dos casos é verdade, eu presencio a cada oficina que isso é a mais pura verdade. Os adultos insistem em deixar as coisas al dente demais, e é uma textura que não agrada os pequenos.
Então, independente de se isso destrói parte dos nutrientes ou não, o importante é primeiro que a criança aceite bem, certo? De que adianta os nutrientes estarem intactos se a criança não aceita a comida? Vamos por partes.
Vamos fazer uma experiência? Segue receitinha que SEMPRE funciona com crianças aqui em casa.
Vc vai precisar de:
1 xíc de arroz cru
500gramas de patinho ou chã moída
3 dentes de alho inteiros e com casca
1 cebola média bem picadinha, bem pequena
3 tomates sem pele e sem sementes bem picadinhos
1 chuchu bem picadinho
2 dentes de alho bem picadinhos
uma colher de sopa de shoyu
manteiga e azeite
Essa receita, faremos o mais simples possível, sem adicionar verdinhos por enquanto. Se quiser testar com seu filho, faça, teste e venha contar depois!
Numa panela coloque a xícara de arroz cru. Adicione duas E MEIA de água quente. Acerte o sal. Jogue dentro os dentes de alho cortados ao meio com a casca. A casca, nesse caso, serve pra vc localizá-los depois e retirá-los, afinal, vc não quer um incidente diplomático com uma criança recebendo um alho no prato, né? Acerte o sal e adicione um fio de azeite. Deixe cozinhar em fogo baixo até secar. A intenção é um arroz molinho e fumegante. Quando estiver pronto, tire o alho, amasse, que a essa altura ele estará molinho, e devolva pro arroz. Ele vai desaparecer na massa e vc temperará o arroz perfeitamente.
Numa panela, refogue a cebola picadinha em metade manteiga, metade azeite. Deixe ela refogar BEM, até quase desmanchar. Adicione o alho, refogue por uns dois minutos, em seguida a carne. Refogue por uns minutos, até ela estar cozida. Adicione a cenoura, o chuchu, o tomate,o shoyu e refogue, atenção, até o tomate desaparecer e se transformar em molho. Nesse ponto o chuchu e a cenoura estarão beeem molinhos. Acerte o tempero, deixe descansar por uns minutos e sirva.
Esse era o prato que me deixava mais feliz qdo criança... Hum...
Abaixo, uma versão update dele, mais sequinha e pedaçuda, pq aqui não tem problema: o arroz com açafrão, a carne com tomilho...
Espero que gostem!
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